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Conheça nossa história

Assis - Itália

 

 

Somos uma família que antes de nos dedicarmos ao cultivo do café, tivemos, e ainda continuamos a ter, uma longa história ligada ao cinema e à publicidade. Mas vamos ao início de tudo. Corria o ano de 2015 e eu, na condição de diretor de cinema, estava desenvolvendo o roteiro de um longa-metragem baseado na vida e na obra do médium espírita Divaldo Franco; a época com noventa anos de idade. Ainda que eu seja diretor e não roteirista, por razões quase inexplicáveis, coube a mim a tarefa de escrever o roteiro. Tudo começou muito bem, passei quase um ano escrevendo - tempo relativamente curto no cinema – e a escrita acontecia com fluidez, porém, num determinado momento desse processo, já em 2016, ainda que o roteiro já parecesse estar pronto, senti que faltava aquele algo a mais que toda história precisa ter para que um filme fique gravado para sempre na memória afetiva daqueles que o assistem, ou seja, as idéias pareciam ter dado uma estagnada, me faltava inspiração para dar aquele brilho final ao roteiro. Comuniquei isso à Divaldo, dizendo que a partir daquele ponto talvez fosse melhor entregar o roteiro a algum roteirista de ofício. Para minha surpresa, Divaldo responde com uma afirmação: “É você quem tem de escrever este roteiro.” Tomei um susto, mas, junto com aquela quase ordem, veio uma sugestão: Se puder, vá a Assis, na Itália, lá você encontrará a inspiração que precisa. Ouvir isso do respeitado médium espírita não me deixou outra alternativa: Eu teria de ir à Assis conferir.

 

 

Paralelamente a este momento, meu filho do meio, Felipe, que à época se dedicava aos filmes publicitários, se encontrava inquieto e insatisfeito com a vida na propaganda e já plantava alguns alimentos orgânicos, inspirado nos princípios de Rudolf Steiner. Certa vez saíamos de carro do Rio, onde morávamos, em direção à São Paulo, onde fica a Cine, nossa produtora de cinema, na qual trabalho na companhia de meus dois outros filhos, Rafael e Lucas. No caminho, conversando sobre a vida, contei ao Felipe que, por alguma razão inexplicável, sempre tive o sonho de plantar café, ao que ele respondeu: só se for orgânico! Bem, estávamos bem na divisa do Rio com São Paulo e eu falei: vê aí no Google quem planta café orgânico por aqui. Ele olhou e falou: tem um tal de “Seu Claudio”. Pronto! Ligação feita. Desviamos nosso caminho em duas horas e meia e fomos parar em Carmo de Minas. De uma hora para outra, estávamos na fazenda do Seu Cláudio e, sem ter a menor idéia, na principal região produtora de cafés especiais do Brasil e uma das melhores do mundo. Fomos recebidos por Seu Claudio e sua Família com muita gentileza e a afinidade de Felipe com Seu Claudio foi imediata. Bom, depois de quatro horas de papo animado, o nosso anfitrião vira-se para nós e diz, com aquele bom sotaque mineiro: “Olha, eu não gosto muito de carioca não, mas vocês são uns cariocas gente boa, vamos arrumar uma terra aqui para vocês.” Surpresos com a sinceridade, rimos muito e fomos embora antes que virasse noite. Como bons cariocas, achamos que aquele era mais um convite daqueles que nunca se realizam. Só que ele era mineiro...

Missão, Visão & Valores                                                     Assis - Itália 
Conheça nossa história

 

 

 

Voltando ao filme, segui a orientação de Divaldo e viajei à Itália. Desci em Roma e fui direto a Assis, a Terra de São Francisco. Desde o meu primeiro minuto naquela pequena cidade me emocionei como poucas vezes na vida, me sentia realmente amparado e envolvido por algo maior que, a cada esquina, parecia querer me soprar as palavras e as idéias que ainda me faltavam. Nunca o invisível se tornou tão palpável. Mas o melhor ainda estava por vir. Depois de visitar alguns lugares de impressionante beleza e importância histórica, entrei, autorizado por uma simpática freira franciscana, no Oratório de São Francisco, localizado no subsolo da Basílica de San Rufino. Imediatamente após descer a pequena escadaria e entrar no Oratório, fui tomado por uma emoção avassaladora e chorei, incontrolavelmente, um rio de lágrimas. Sem nenhuma defesa, fui impactado com o poder desconcertante de toda aquela simplicidade; como Francisco, daquele pequeno e simplório lugar, conseguiu fazer tanto pela humanidade? Seus conceitos e palavras sobrevivem até hoje e a cada dia que passa fazem ainda mais sentido. Passei no total umas duas horas e meia naquele minúsculo espaço, esculpido em pedra, muito simples, sem objetos em ouro, sem imagens, sem riqueza alguma, mas que guarda um dos maiores tesouros da Terra: a intimidade dos pensamentos, sentimentos e intenções amorosas daquele que para mim, depois de Jesus, foi o ser humano de maior envergadura moral e espiritual que já pisou neste planeta: Francisco de Assis.  

Fiquei mais alguns dias na cidade, voltei ao Oratório uma outra vez e até hoje quando a minha mente viaja até lá, me lembro perfeitamente daquela emoção e sinto na pele a temperatura e a umidade daquele ambiente.

 

 

 

Um dia antes de voltar ao Brasil, eu estava no hotel contemplando o cair da tarde numa colina que fica de frente para o vale e reparei nas pequenas propriedades daquela região, com seus pequenos cultivos e seus modestos produtores, eram várias pequenas lavouras de no máximo cinco ou seis hectares cada uma. De repente, tudo fez ainda mais sentido. Divaldo tinha razão. Realmente eu recebi, naquele pequeno e luminoso templo de Francisco na cidade de Assis, a inspiração que me faltava para terminar o nosso roteiro. Ele só não me disse que na busca de inspiração para um filme, eu também encontraria inspiração para a minha vida, para toda a minha vida.

 

Pouco depois de voltar ao Brasil, recebemos a ligação de um familiar de Seu Cláudio dizendo que haviam conseguido uma terra para nós. Fomos ver a tal terra e nos apaixonamos à primeira vista. Curioso, procurei o nome da terra na escritura e estava lá: Sítio São Geraldo. Eu pensei: Tudo bem, vou ficar com a terra, só vou trocar o nome do santo... lá em cima eles se entendem. Nascia ali a Terra de São Francisco.

 

Missão, Visão & Valores                                Oratório de São Francisco - Assis - Itália

Na pré-estréia do filme, em 2019, Divaldo me garantiu que a presença que eu senti no Oratório e que me acompanhou e orientou do roteiro até o fim das filmagens, foi o espírito de sua mentora espiritual, Joanna de Angelis, o mesmo espírito daquela que foi companheira de vida de Francisco em Assis e que ficou mundialmente conhecida como Santa Clara. Quem viu o filme sabe, mas essa é uma outra história.

 

Clovis Mello.