Cafés Especiais e Puros
Normalmente consideramos algo especial quando de alguma forma temos uma relação emocional, afetiva ou histórica com alguém ou com alguma coisa. Mas no mundo dos cafés não é bem assim, ou melhor, é assim também, mas não é só isso.
Cafés Especiais não são chamados assim porque gostamos deles, porque foram cultivados pelas nossas famílias ou com o nosso próprio suor. Existe uma ciência por trás disso. A ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café), classifica os cafés em três categorias básicas, baseadas na qualidade. São elas: Tradicionais e Extrafortes (de baixa qualidade), Cafés Superiores (de média qualidade), e Cafés Gourmets (de melhor qualidade). Porém, para além dessas classificações, existe uma outra classificação internacional e aceita mundialmente, elaborada pela SCA (Specialty Coffee Association) que determina que um café para ser considerado Especial precisa atingir, no mínimo, 80 pontos, numa escala que vai até 100, onde são avaliados os seguintes atributos: fragrância, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização, harmonia e ainda uma nota que é a impressão final do avaliador. Para efeito de comparação, nessa escala internacional, os cafés considerados Gourmets, atingiriam apenas 79 pontos. Para a BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association) além desses atributos físicos e sensoriais, ainda são levadas em conta outras características de ordem sócio-ambientais.
O segredo está na torra
Numa tentativa de esconder os defeitos que os seus grãos originais apresentam, os cafés extrafortes se apresentam sempre moídos e torrados ao máximo, o que resulta num gosto tão amargo na boca que para ser corrigido normalmente se adiciona açúcar, o que deixa tudo ainda mais dramático. Mas esse, infelizmente, é o café que o brasileiro se acostumou a beber.
Por outro lado, os Cafés Especiais estão sempre disponíveis em grãos, para que possam ser moídos no momento de consumir. Depois de moídos, tem a cor marrom, achocolatada, nunca preta; na xícara, apresenta transparência, mas, ao contrário do que muitos pensam, não são fracos, tem bastante corpo e uma doçura natural que nos convida a degustá-los sem açúcar. E o melhor, Cafés realmente Especiais nunca deixam um gosto amargo no final.
Não confundam corpo com amargor. Um Café Especial tem transparência e corpo ao mesmo tempo.
O trabalho para produzir Cafés Especiais é exaustivo, no caso do Café Aura, por ser orgânico e certificado, esse processo é ainda mais criterioso e delicado, porque a produção é quase toda artesanal, com muita mão de obra envolvida, do plantio ao beneficiamento.
O Café Aura é 100% arábica, produzido sem blends e somente os melhores grãos chegam ao fim de um longo processo de secagem em estufa, classificação por tamanho, cor, densidade e ausência de impurezas como paus, pedras e gravetos, quase sempre, ainda passam por catações manuais que visam eliminar qualquer defeito eventual que por ventura tenha passado pelas máquinas de classificação. Além disso a torra também é artesanal, em pequenas quantidades, realizada dentro da nossa própria fazenda. Aliás, muitos não sabem, mas o processo de torra também precisa de um certificado orgânico.
Hoje, graças a iniciativa de produtores que resolveram torrar seus cafés em torrefações próprias ou terceirizadas de excelente qualidade, essas iguarias estão deixando de cruzar os oceanos em direção à Europa, Japão e Estados Unidos, e tem ficado no Brasil, para serem apreciadas pelos brasileiros. Somos o maior produtor mundial de café, mas até bem pouco tempo atrás, bebíamos o pior café do mundo. Felizmente, isso já está mudando.
Na Terra de São Francisco não basta ser “Especial”, o café precisa ser Especial, Orgânico e Sustentável, produzido sem agrotóxicos, sem contaminação das plantas, dos frutos e do solo; além de preservar a saúde dos nossos colaboradores, que não precisam entrar em contato com centenas de litros de produtos químicos a cada safra.